terça-feira, 15 de novembro de 2016

Obras de Júlio Diniz, "Pupilas do Senhor Reitor" e "Fidalgos da Casa Mourisca", adaptadas à TV Brasileira


Em Portugal, o teatro radiofónico surgiu nos anos 1930 na Emissora Nacional, do Estado, mas o primeiro folhetim só surgiu após a Segunda Guerra. Nem por acaso foi "As Pupilas do Senhor Reitor", com base na famosa novela oitocentista de Júlio Dinis.

A radionovela começa também a ter espaço na rádio brasileira na década de 40, quando fazem sucesso várias histórias romanceadas, em capítulos, não só no horário chamado nobre, o nocturno, mas também pela manhã às 9 h, quando era emitida a novela “As pupilas do Senhor Reitor” e, logo depois, “Os Fidalgos da Casa Mourisca”.

As duas radionovelas eram gravadas, devido aos custos para realizar uma radionovela. As agências de publicidade produziam as novelas no Rio de Janeiro ou em São Paulo, gravavam e distribuíam as cópias para outras emissoras do país.


O filme português “As Pupilas do Senhor Reitor" de Perdigão Queiroga (de 1961) foi igualmente divulgado no Brasil, através da adaptação brasileira de Anselmo Duarte e Miguel Pinheiro, tendo nos principais papéis actores brasileiros, como Anselmo Duarte (Daniel) e Marisa Prado (Margarida) e actores portugueses como Isabel de Castro (Clara), Américo Coimbra (Pedro), Silva Araújo (reitor), António Silva (João da esquina), Raul de Carvalho (José das Dornas) e Humberto Madeira (doutor João Semana).


"As Pupilas do Senhor Reitor" (TV Record, 1970)

A convite de Dionísio Azevedo, Lauro César Muniz vai para a TV Record em 1970, para adaptar “As Pupilas do Senhor Reitor”, um romance de aldeia, conforme Júlio Diniz o define. Imbuído da sua experiência de cidade de interior, de Guará, injectou a sua vivência da província, da infância, mas manteve o ambiente e a tradição portuguesa do Minho, mantendo a história no século XIX.

O romance em tom de crónica é muito certinho. O autor da novela criou muitas situações, muitos personagens, para fazer cerca de 280 capítulos! Os cultores de Júlio Diniz não se queixaram.


Com direcção de Dionísio Azevedo e Nilton Travesso, a novela foi exibida entre 23 de março de 1970 e 6 de março de 1971, inicialmente às 19h, em 279 capítulos tendo sido um grande sucesso de audiência (numa época em que a TV Globo já liderava), o que motivou a alteração do seu horário para as 20 h.

A adaptação do texto do escritor português Júlio Dinis, tratava dos conflitos dos moradores locais: um médico (João Semana, interpretado por Sérgio Mambert) que perde o posto para outro mais jovem, recém-formado (Daniel), e o envolvimento das “pupilas” Clara (Georgia Gomide) e Margarida (Márcia Maria), que estão sob o cuidado do reitor Padre Antônio (Donísio Azevedo), com os irmãos Daniel (Agnaldo Rayol) e Pedro das Dornas (Fúlvio Stefanini) .


A novela era toda gravada num estúdio da Record, no Aeroporto de São Paulo, com todo o requinte que a emissora poderia empregar na época. Sem locações (exteriores). Era um estúdio muito grande onde foi reconstituída uma praça, com fachadas das casas. De forma engenhosa, as fachadas eram retiradas e apareciam os interiores das casas. Quase nunca fizeram cenas exteriores.

No terceiro mês de apresentação da telenovela, a atriz Geórgia Gomide deixou "As Pupilas do Senhor Reitor". Sua personagem, "Clara", do núcleo de protagonistas, passou a ser interpretada por Maria Estela. A mudança fez com que a personagem Margarida (interpretada por Márcia Maria) ganhasse maior destaque e assumisse o papel de protagonista.

Segundo arquivos da Unicamp, é a telenovela de maior audiência da história da Record em todos os tempos. Obteve média geral de 20 pontos na audiência, com capítulos que ultrapassaram os 30 pontos de média.


O cantor Manoel Taveira radicado no Brasil (que editou um disco com algumas músicas da novela) interpretava um monossilábico ajudante de barbeiro que só conseguia fazer frases completas quando cantava.

O cantor Dino Meira, então radicado no Brasil, fazia o papel de cantor do Porto e interpretou o tema “Caminhos da minha vida”, uma espécie de jazz português, na trilha sonora complementar – canções interpretadas pelos actores.

A actriz portuguesa Maria José Vilar canta, nessa trilha sonora complementar, “Dá-me um beijo”, vira composto sob medida para a intérprete de Elvira, a esposa do Marceneiro Rogério.

 
"Os Fidalgos da Casa Mourisca" (Rede Record e TV Rio, 1972)

"Os Fidalgos da Casa Mourisca" foi uma telenovela brasileira exibida pela Rede Record entre 2 de maio e 2 de setembro de 1972, às 19h, em 107 capítulos.

Baseada no romance homónimo de Júlio Diniz, foi adaptada por Dulce Santucci e dirigida por Randal Juliano.

Foi uma tentativa fracassada de reeditar o sucesso de "As Pupilas do Senhor Reitor", do mesmo escritor.


Rodolfo Mayer, no papel de Dom Luís, e Geraldo Del Rey e Ademir Rocha no papel dos filhos de Dom Luís, Jorge e Maurício, eram os Fidalgos do título, destacando-se igualmente as actrizes Maria Estela (no papel de Berta, uma plebeia que se casava com um dos filhos) e Laura Cardoso (que interpretara o papel de Tereza em "Pupilas do Senhor Reitor" como Gabriela).


"As Pupilas do Senhor Reitor" (SBT, 1994)

"Remake" da novela de 1970, da Record, escrita por Lauro César Muniz. Exibida de 6 de dezembro de 1994 a 8 de julho de 1995, em 185 capítulos (originalmente às 19h45), foi escrita por Muniz e adaptada por Ismael Fernandes e Bosco Brasil, novamente sob a direcção de Nilton Travesso.

A novela tinha como protagonistas Juca de Oliveira (Padre Antônio - Senhor Reitor), Débora Bloch (Margarida), Luciana Braga e Eduardo Moscovis Moscovis (Daniel das Dornas), Tuca Andrada (Pedro das Dornas) e Elias Gleizer (Sr. José das Dornas).


O tema de abertura era "Canção do mar", na voz de Dulce Pontes, que a tornou conhecida por todo o  Brasil.

A personagem da atriz Lucinha Lins, Magali do Porto, é uma cantora famosa de Portugal que visita Póvoa do Varzim e dá um show ao ar livre para os habitantes da cidade, e canta o clássico "Ai, Mouraria!"

Apesar do excelente trabalho de arte e direção, a novela não conseguiu cativar tanto o público e a audiência caiu.


(Novela da Record)

Opereta "Os Fidalgos da Casa Mourisca" (1940)

O compositor, instrumentista e regente J. Aimberê (José Aimberê de Almeida) nasceu em Anápolis (atual Analândia) SP em 9/4/1904 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 24/11/1944. Além da opereta "Noite de reis" (1928), foi autor das músicas das operetas "Tutu marambaia" (1939), libreto de Batista Júnior e Belisário Couto, e em 1940, de "Os fidalgos da casa mourisca", libreto de Costa Junior.

Fontes/Mais informações: Wikipédia (Pupilas 1970. Os Fidalgos da Casa Mourisca, Pupilas 1994) / Tudo isso e TV / E10blog / Biografia de Lauro César Muniz / Revistacal / Recreio Brasil / Novelas do Brasil (Os Fidalgos da Casa Mourisca) / Teledramaturgia / Astros em Revista  / ufrgs (rádio cearense) / Opereta

Rádio novela "Fidalgos da Casa Mourisca" em cartaz na Tupi (1943)
Póvoa do Varzim (Erro da revista)





Trio de fofoqueiras em destaque na produção da SBT

A SBT utilizou as cenas ousadas de Francisquinha para alavancar as audiências 



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